A atropina pertence a um grupo de fármacos designados por anticolinérgicos. Estas substâncias se opõem aos efeitos da acetilcolina, principal mediador químico do sistema nervoso parassimpático e, consequentemente, aos efeitos do sistema nervoso parassimpático. 

Este medicamento exerce múltiplos efeitos periféricos no organismo, atuando sobre vários órgãos e sistemas. A medicação pode ser utilizada em distúrbios dos aparelhos cardiocirculatório, respiratório e digestivo, do sistema nervoso central e do olho. 

Indicação 

Atropina é um medicamento indicado para o bloqueio temporário de efeitos muscarínicos graves ou potencialmente letais, por exemplo, como um agente contra a salivação, um agente contra o sistema nervoso mediado pelo nervo vago, um antídoto para intoxicação por organofosforados, carbamatos ou cogumelos muscarínicos e para tratar ritmo cardíaco lento (bradicardia) sintomático. 

Apresentação do medicamento 

Formato e embalagens 

Solução injetável nas concentrações de 0,25 mg/mL ou 0,50 mg/mL. 

Embalagens contendo 100 ampolas de 1 mL. 

Uso

Via de administração intravenosa, intramuscular, subcutâncea, intraóssea e endotraqueal.

Indicado ao uso adulto e pediátrico. 

Composição 

Versão 0,25 mg/mL

Cada mL da solução injetável contém: 

Sulfato de atropina monoidratada (equivalente a 0,25 mg de sulfato de atropina) → 0,2566 mg.

Excipientes em 1 mL → Solução de ácido sulfúrico e água para injetáveis.

Versão 0,50 mg/mL

Cada mL da solução injetável contém: 

Sulfato de atropina monoidratada (equivalente a 0,50 mg de sulfato de atropina) → 0,513 mg.

Excipientes em 1 mL → Solução de ácido sulfúrico e água para injetáveis.

Contraindicações 

O uso deste medicamento é contraindicado em casos de hipersensibilidade à substância ativa do fármaco ou a qualquer componente da formulação. 

Além do caso citado acima, a medicação dispõe também de contraindicações para pessoas com: 

  • Asma, glaucoma ou tendência ao glaucoma (elevação da pressão dentro dos olhos); 
  • Adesão entre íris e o cristalino; 
  • Taquicardia (aumento da frequência cardíaca);
  • Estado cardiovascular instável em hemorragia aguda; 
  • Isquemia do miocárdio; 
  • Enfermidades obstrutivas gastrintestinais e geniturinárias; 
  • Íleo paralítico; 
  • Atonia intestinal em pacientes geriátricos ou debilitados; 
  • Colite ulcerativa severa; 
  • Megacólon tóxico associado à colite ulcerativa; 
  • Enfermidades hepáticas e renais severas; 
  • Miastenia grave. 

Interações medicamentosas

A administração subsequente pode intensificar os efeitos dos medicamentos de ação antimuscarínica, como os antidepressivos tricíclicos, os IMAO, a amantadina e os anti-histamínicos.

Pode ocorrer interação com o ciclopropano, ocasionando arritmias ventriculares. 

A atropina pode diminuir a absorção do cetoconazol, recomenda-se administrar a medicação somente após 2 horas, em pacientes que fazem o uso de cetoconazol.

Pode ocorrer interferência com a ação antiglaucomatosa do carbacol, pilocarpina ou outros medicamentos oftálmicos do tipo inibidores da colinesterase. O atenolol pode ter seus efeitos aumentados quando usado simultaneamente com anticolinérgicos. 

Mexiletina

A injeção da medicação diminuiu a taxa de absorção da mexiletina sem alterar a biodisponibilidade oral relativa, esse atraso na absorção de mexiletina foi revertido pela combinação de atropina e metoclopramida intravenosa durante o pré-tratamento para anestesia.  

Interação medicamento – exames laboratoriais 

Os antimuscarínicos podem antagonizar o efeito da pentagastrina e da histamina na avaliação da função secretora ácida gástrica. Não se recomenda o seu uso pelo menos durante as 24 horas anteriores à avaliação. 

O medicamento utiliza o mesmo mecanismo tubular renal de secreção da fenossulfoftaleína, produzindo diminuição da excreção urinária desta. Pacientes submetidos à avaliação nefrológica não devem tomar este medicamento simultaneamente.

ATENÇÃO: Informe ao seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento. Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde!

O que fazer caso você esqueça de usar este medicamento 

Caso haja esquecimento de administração de uma dose, esta deverá ser feita assim que possível, respeitando-se, a seguir, o intervalo determinado pela posologia e as orientações médica. 

Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico, ou cirurgião-dentista. 

Reações adversas

Hipersensibilidade

Este medicamento pode causar anafilaxia. 

Agravamento da cardiopatia isquêmica

Em pacientes com cardiopatia isquêmica, a dose total deve ser restrita a 2 a 3 mg (máximo 0,03 a 0,04 mg/kg) para evitar taquicardia induzida por atropina, aumento da demanda miocárdica de oxigênio e potencial para piorar a isquemia cardíaca ou aumentar o tamanho do infarto. 

Glaucoma agudo

Este medicamento pode precipitar o glaucoma agudo.

Obstrução pilórica

Este medicamento pode converter estenose pilórica orgânica parcial em obstrução completa.

Retenção urinária completa

A atropina pode levar à retenção urinária completa em pacientes com hipertrofia prostática. 

Tampões viscerais

Este medicamento pode causar espessamento das secreções brônquicas e formação de tampões viscerais em pacien s com doença pulmonar crônica. 

As reações adversas foram identificadas durante o uso pós-aprovação da medicação. Visto que essas reações são relatadas voluntariamente por uma população de tamanho incerto, nem sempre é possível estimar com segurança sua frequência ou estabelecer uma relação causal com a exposição ao medicamento.

A maioria dos efeitos colaterais da atropina está diretamente relacionada à sua ação antimuscarínica. Boca seca, visão turva, fotofobia e taquicardia ocorrem com frequência. Anidrose pode produzir intolerância ao calor.

Constipação e dificuldade na micção podem ocorrer. Reações de hipersensibilidade ocasionais foram observadas, incluindo erupções cutâneas graves. Íleo paralítico pode ocorrer. Exacerbação de refluxo foi relatado. Doses maiores ou tóxicas podem produzir efeitos tão centrais como a inquietação, tremores, fadiga, dificuldades locomotoras, delírio, seguidos de alucinações, depressão e em última análise, paralisia medular e morte. Grandes doses também podem levar ao colapso circulatório. Nesses casos, o declínio da pressão arterial e a morte por insuficiência respiratória podem ocorrer após paralisia e coma.

Gastrointestinais

Xerostomia, náusea, vômito, disfagia, azia, constipação e íleo paralítico. 

Geniturinário

Retenção urinária e impotência.

Ocular

Visão distorcida, midríase, fotofobia, cicloplegia e aumento da pressão ocular. 

Cardiovascular

Palpitação, bradicardia (após administração de doses baixas) e taquicardia (após administração de doses altas).

Sistema Nervoso Central

Cefaleia, sonolência, fadiga, desorientação, nervosismo, insônia, perda temporária da memória, confusão mental e excitação, especialmente em pacientes geriátricos. Altas doses podem ocasionar estimulação do Sistema Nervoso Central (inquietação e tremores).

Hipersensibilidade II

Reações alérgicas severas incluindo anafilaxia, urticária e outras manifestações cutâneas. Outros: supressão da lactação, congestão nasal e diminuição da sudorese. 

Superdose

A superdose de atropiona pode causar palpitações, pupilas dilatadas, dificuldade para engolir, pele seca e quente, sede, tontura, agitação, tremores, fadiga e ataxia. Doses tóxicas levam a inquietação e excitação, alucinações, delírio e coma. Depressão e colapso circulatório ocorrem apenas com intoxicação grave. Nesses casos, a pressão arterial diminui e a morte por insuficiência respiratória pode ocorrer após paralisia e coma. 

A dose fatal desta medicação (para adultos) não é conhecida. Em populações pediátricas, 10 mg ou menos podem ser fatais. 

No caso de superdosagem tóxica, pode ser administrado um barbitúrico de ação curta ou diazepam, conforme necessário, para controlar a excitação e as convulsões acentuadas. Doses elevadas para sedação devem ser evitadas, pois a ação depressora central pode coincidir com a depressão que ocorre tardiamente no envenenamento pelo medicamento. 

Estimulantes centrais não são recomendados. 

A fisostigmina, administrada como antídoto de atropina por injeção intravenosa lenta de 1 a 4 mg (0,5 a 1 mg em populações pediátricas), elimina rapidamente o delírio e o coma causados por grandes doses de atropina. Visto que a fisostigmina é rapidamente destruída, o paciente pode voltar a entrar em coma após uma ou duas horas, e doses repetidas podem ser necessárias. 

Respiração artificial com oxigênio pode ser necessária. Sacos de gelo e esponjas de álcool ajudam a reduzir a febre, especialmente em populações pediátricas. 

O fármaco não é removida por diálise. 

ATENÇÃO: Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para 0800 722 6001 (Disk Intoxicação da Anvisa), se você precisar de mais orientações.