O termo anamnese se origina da palavra grega “anamnésis”, sendo seu significado denominado como uma “recordação”, “lembrança” e/ou aquilo que é referido como a manifestação dos sintomas que uma pessoa está sentindo. Isso ocorre desde o surgimento dos sinais de uma possível complicação ou doença, até o momento em que o exame clínico é realizado por um profissional da área médica.
Exame clínico
Com a evolução e progresso de várias tecnologias disponíveis na área da medicina, é compreensível que as pessoas se esqueçam da importância que o exame clínico traz consigo para o diagnóstico e o tratamento das mais diversas condições e doenças. Mesmo que existam máquinas altamente capazes de identificar sinais, sintomas e outros dados, não existe nada que consiga substituir um diagnóstico assertivo de um profissional capacitado realize por meio de um exame clínico.
O objetivo do exame clínico é a coleta de dados, para que assim possa se constituir a base do diagnóstico do paciente. Para realizar um bom exame clínico, exige-se do profissional de saúde:
- Conhecimentos básicos sobre diversas doenças;
- Apuramento dos sentidos;
- Capacidade de observação;
- Bom senso;
- Critério e discernimento.
O exame clínico é dividido em duas etapas: a anamnese e o exame físico. A partir disso, o profissional de saúde consegue obter informações gerais sobre o estado de saúde do seu paciente, analisá-las, e consequentemente identificar doenças ou outras complicações que estão associadas aos sinais e sintomas.
Você sabia? Um dado interessante a ser citado, e que é comumente observado durante a anamnese de pessoas com a doença de Alzheimer, é o chamado “sinal de virar a cabeça”. Quando essas pessoas são perguntadas com questões simples, como por exemplo, a quantidade de filhos que têm, e os pacientes quase que automaticamente (e em diversas ocasiões) viram sua cabeça em direção ao acompanhante e lhes dirigem a mesma pergunta, são sumariamente identificados como possíveis portadores da doença.
O que é anamnese?
A anamnese é caracterizada por ser o “exame subjetivo” que um profissional de saúde realiza com seus pacientes, consistindo basicamente, por ser a entrevista conduzida pelos profissionais médicos ou de enfermagem durante uma consulta.
Técnicas de anamnese
Para realizar esse procedimento de atendimento, é claro que existem metodologias para que tudo ocorra corretamente. Fundamentalmente, existem duas técnicas principais para isso, que são:
- Técnica do interrogatório cruzado → dada quando o examinador conduz as perguntas durante a consulta;
- Técnica de escuta → dada quando o paciente tem a capacidade de relatar com as próprias palavras suas preocupações pessoais, sinais e sintomas.
É interessante destacar, que essas duas técnicas não são de toda maneira independentes, e geralmente se juntam e se sobrepõe durante a consulta.
Fases de interrogatório da anamnese
Durante a consulta, o profissional irá seguir com diversas fases para interrogar o paciente, a fim de concluir a anamnese. Com isso, segue-se com uma hierarquia dessas mesmas fases para tal, que é de modo geral definida pela seguinte ordem:
1 – Identificação
A identificação do paciente pode ser feita pelo médico, como também pelos profissionais da enfermagem. É recomendado, sempre que possível, que os elementos de identificação sejam tomados por um auxiliar antes que o paciente entre em contato com o profissional. Tal prática permite que se tenha uma primeira noção de quem atenderá, facilitando entabular aquela conversa inicial tão importante para o relacionamento profissional/paciente.
Na identificação, os seguintes elementos devem ser considerados:
- Nome: é sempre necessário pedir ao paciente seu nome completo. Além de permitir o arquivamento do prontuário corretamente, estabelece uma relação mais próxima e confiável do paciente com quem está o examinando;
- Endereço: o endereço completo, com o número de telefone, é uma necessidade para garantir um contato imediato com o paciente, seja em caso de complementação de alguma informação, mudança do horário de consulta, cancelamento e etc;
- Idade: é importante conhecer a idade do paciente, pois certas doenças que incidem com maior frequência em dependendo da sua faixa etária. Por exemplo, a ocorrência de cárie dentária é mais frequente observada durante os períodos de infância e puberdade, da mesma forma que a doença periodontal incide normalmente durante a idade adulta;
- Estado Civil: basicamente a informação que refere a pessoa como solteira, casada, viúva, desquitada e divorciada. Deve-se coletar esse dado visando principalmente a questão da problemática psicológica que poderá intervir no quadro conforme o estado civil do paciente;
- Gênero ou sexo: existe maior incidência de certas doenças por um dos gêneros em diversos casos. Por exemplo, o gênero feminino é mais predisposto à ulceração aftosa recorrente ao hiperparatireoidismo. Já a paracocidioidomicose, ao contrário, predomina intensamente aqueles do gênero masculino;
- Raça e cor da pele: certas complicações e doenças são mais comuns e predominantes de acordo com a raça que uma pessoa tem. Carcinomas de pele são mais frequentes em indivíduos brancos. As displasias fibrosas, por outro lado, são mais comuns em pessoas negras;
- Profissão: Certas profissões podem predispor uma pessoa a desenvolver determinadas doenças. Os confeiteiros são um belo exemplo disso, pois estes devido a impregnação do ambiente por poeiras amiláceas, estão sujeitos a surtos de cáries atípicas, que se instalam em regiões dos seus dentes e que geralmente são mais imunes ao processo (cárie de confeiteiro);
- Procedência: durante o atendimento deve ser sempre perguntado ao indivíduo a região em que ele reside, trabalha e vive, se viajou recentemente ou visitou alguma área de risco. A razão dessas perguntas serem tão importantes, se deve ao fato de certas doenças serem predominantes em certas regiões de modo endêmico ou epidêmico, como ocorre com a doença de Chagas e a malária.
2 – Queixa principal
Aqui deve ser objetivado o principal motivo que levou o paciente a ir se consultar com um profissional da saúde. A queixa principal pode ser qualificada:
- Pela presença dos indícios de anormalidade, por meio do relato de um ou mais sinais e/ou sintomas;
- De acordo com a evolução não satisfatória de algum tratamento realizado, que levou o paciente a procurar outro profissional ou, ainda, uma simples consulta de rotina sem a presença de sintomas ou sinais.
Sempre que possível, o relato dessa queixa deve ser protocolado com as próprias palavras do paciente, desde que seja razoavelmente claro e de certa maneira objetivo.
3 – História da doença atual (H.D.A)
Nesta parte, é realizado o histórico das manifestações da complicação que estão acometendo o indivíduo. É feita aqui a descrição do início da doença, qual foi seu progresso e desenvolvimento ao longo do tempo, onde ela começou e como também se iniciou.
Normalmente, durante esse processo do atendimento são feitas três perguntas ao paciente para registrar a história da doença atual, que são:
- Quando isso começou?;
- Onde começou?;
- Como começou?.
4 – História médica
Nesta parte, é necessária a coleta de informações detalhadas sobre todas as doenças de caráter sistêmico que foram contraídas pelo paciente desde o nascimento até a data atual do atendimento.
A importância deste estágio da anamnese pode ser resumida pelos seguintes tópicos:
- Garantir que o tratamento não irá prejudicar o estado geral do paciente ou seu bem-estar;
- Conferir a presença de alguma doença de ordem geral do paciente, ou pelo fato dele estar usando algum medicamento destinado ao seu tratamento e que poderá prejudicar o atendimento;
- Facilitar o diagnóstico de uma doença ignorada, e que talvez exija um tratamento especial
5 – Antecedentes familiares
O propósito desta fase, é a obtenção de informações sobre o estado de saúde, principalmente, de pais, irmãos, avós, esposa (o) e filhos, na busca de uma eventual doença herdada ou que possa ter tendência genética.
Esta parte da anamnese é indispensável frente à suspeita de diabetes, doença cardiovascular, tuberculose, distúrbios hemorrágicos, doenças alérgicas e nervosas.
6 – Hábitos
Saber os hábitos que o paciente tem, geralmente, constitui como elemento fundamental para elaborar o diagnóstico, e fundamentar o prognóstico. Hábitos nocivos, como fumar cigarro ou tabaco, ingerir bebidas alcoólicas e/ou outros tipos de droga, devem ser minuciosamente verificados quanto ao tipo, tempo de uso, quantidade, variações ou interrupções.
Compreendendo um pouco mais sobre a consulta
Você saberia dizer o que é necessário para uma consulta médica? Há diversas pessoas que reclamam de ter saído do consultório com uma sensação incômoda de que o profissional não conseguiu resolver seu problema, ou que ele não examinou adequadamente. Nesta sessão, iremos explicar o que você pode esperar de uma consulta de qualidade.
As 3 etapas
Um profissional da área da saúde deve realizar as 3 etapas básicas de uma análise clínica: a inspeção, palpação e a percussão. No mundo médico, isso é chamado de “tríade médica” – que permite ao profissional ver, sentir e escutar. São procedimentos que podem ser simples, mas se feitos com atenção, podem apontar pistas e sinais fundamentais para um diagnóstico preciso.
INSPEÇÃO
Esta etapa permite ao profissional olhar atentamente para o paciente – isso pode ser feito de diversas formas, dependendo muito da especialidade médica. O oftalmologista, por exemplo, irá analisar atentamente os olhos e a região da face de um paciente, além de ouvir todas as suas queixas e sintomas – e dessa forma, consegue trazer um diagnóstico apenas observando a pessoa.
Entretanto, em alguns casos, a inspeção é a primeira etapa da tríade – pois, dependendo da condição que afeta o paciente, pode ser necessário o restante das condutas para um melhor diagnóstico.
PALPAÇÃO
Definimos essa etapa quando o médico toca o paciente. Sentir e tocar a pessoa é de extrema importância – pois um simples toque nas regiões certas pode identificar algum sintoma de uma condição mais grave. Muitas vezes, uma consulta não será finalizada sem uma investigação por palpação.
Porém, se o profissional – ouvindo os relatos do paciente e seus sintomas – rapidamente identificar qual a condição que o incomoda, a palpação pode não ser necessária, tornando a consulta mais dinâmica e rápida!
PERCUSSÃO
É o processo de escutar os sons do nosso corpo. Quando um paciente vem com queixas de dores na região do peito, é neste momento que o profissional escuta o coração, pulmão e outras áreas para poder oferecer um melhor diagnóstico. Ouvir os sons do corpo humano pode trazer um diagnóstico muito mais preciso.
Alicia Uyesaka
Posts relacionados
Núcleo Técnico de Saúde
Karina Venturi | Líder e Gestora de Saúde – Vitta | COREN 433469
Enfermeira – MBA Liderança, Inovação e Gestão pela PUC – Pós Graduação em Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal pela USP
Sofia Martins | Psicóloga – Vitta | CRP 06/102410
Psicóloga Clínica – Mestre em Ciências pela USP – Pós Graduação em Psicologia Hospitalar pelo HC-SP