Do ponto de vista da saúde pública, a economia da saúde é apenas uma das muitas disciplinas que podem ser usadas para analisar questões de cuidados que devem ser tomados em relação ao bem-estar de uma população convivendo em sociedade. No entanto, do ponto de vista econômico, esta é simplesmente uma das várias áreas aos quais princípios e métodos econômicos podem ser aplicados. 
Sendo assim, ao descrever os princípios econômicos da área da saúde, estamos realmente definindo os princípios da própria área da economia, e da forma como eles podem ser interpretados no contexto da saúde e da assistência à saúde. Existem muitas definições diferentes, mas aqui neste conteúdo levaremos em conta uma definição (e afirmação) bastante instrutiva e de fácil entendimento: A economia é o estudo de como a sociedade decide o que, como e para quem irá se produzir. 
Ao analisar essas questões, a economia da saúde tenta aplicar os mesmos métodos analíticos que seriam aplicados a qualquer bem ou serviço que é produzido em uma sociedade. 

O que é

Consiste na aplicação da disciplina de métodos da “economia” aos tópicos da “saúde”, visando a obtenção de eficiência na alocação dos recursos em cuidados em saúde.

Economia da Saúde é para as pessoas terem um tratamento mais barato?

O princípio básico do termo é assumir que saúde não pode ser avaliada como os demais setores econômicos. Por esta razão, houve a necessidade de fazer com que essas duas áreas se olhassem frente a frente e desenvolvessem uma área em comum.

É importante chamar a atenção que a economia da Saúde não objetiva cortar custos de modo inconseqüente, mas sim avaliar a melhor forma de alocar os escassos recursos disponíveis, de modo a garantir a eqüidade da assistência à saúde. Por isso, promove estudos que possam auxiliar ao desenvolvimento de uma avaliação econômica.

Produção de bens ou serviços

A definição citada acima inclui a palavra “produz”, enfatizando que a área econômica lida com a saúde e com seus cuidados como um bem ou serviço fabricado ou produzido. Toda produção requer o uso de recursos como matérias-primas e mão-de-obra, e podemos considerar tal produção como um processo pelo qual esses recursos são transformados em bens.

Recursos

Os insumos para que o processo de produção dos bens ou serviços, são determinados pelos seguintes recursos: 

  • Pessoas (geralmente chamadas de mão-de-obra); 
  • Equipamentos e edifícios (geralmente chamados de capital); 
  • Terras ou propriedades;   
  • Matérias-primas. 

O início de um processo usando insumos de assistência médica, como profissionais de saúde, materiais terapêuticos e clínicas, pode ser observado pela quantidade de recursos que um tipo de assistência de saúde (de determinada qualidade) fornece, por exemplo. Contudo, também há possibilidade que haja interferência de outros fatores, como por exemplo, o ambiente em que a produção ocorre. Este fator é válido mesmo se uma clínica for de propriedade pública ou particular (privada).

Escassez de recursos

Uma observação importante sobre a economia, é que se sabe que os recursos são limitados em uma quantidade x por um determinado período de tempo, não havendo previsão conhecida sobre a quantidade de produtos que serão desejados pela sociedade durante este determinado período de tempo. 
A afirmação acima, funciona como a base fundamental da atividade econômica, e explica o por quê da área da saúde e dos seus recursos podem (e devem) ser considerados como bens de consumo. 
Esta questão, conhecida como o problema da escassez de recursos, significa que é preciso fazer escolhas sobre quais bens serão produzidos, como eles devem ser produzidos e quem irá consumi-los. Outra maneira de notar isso, é observando que não podemos ter todos os bens que queremos e, ao escolher os bens que teremos, precisamos fazer uma escolha entre um bem entre outros que também estão disponíveis.
O termo “bens econômicos”, por vezes, é usado para descrever bens e serviços para os quais a análise econômica é considerada relevante. Estes, por sua vez, são definidos e caracterizados como bens ou serviços ESCASSOS em relação aos nossos desejos ou necessidades por eles. 
A assistência médica é um bem econômico. E isso se confirma, devido ao fato dos recursos usados ​​para fornecê-la serem finitos, e também pela afirmação de que “se todos nós da população usássemos da assistência médica, seria necessário desviar recursos de outras áreas e usos, para que talvez houvesse a possibilidade do acesso para todos”. Outro fator que também leva a crer nisso, se dá pelo fato da população sempre querer e prezar pela assistência à saúde. Ou seja, se todos os indivíduos fossem capazes de consumir tais recursos, na ausência de restrições à sua capacidade de pagar por ela, não haveriam limites conhecidos para a duração dos mesmos. 

Custos de oportunidade

Em nenhum lugar do mundo existe um sistema de saúde que dedique recursos suficientes para atender a todas as necessidades de seus cidadãos. Mas é claro que, em um sistema nacional de saúde, oferecido pelo governo, é provável que o objetivo seja de atender as necessidades, ao invés dos desejos da população. 
Atender a uma necessidade (individualmente ou não, dependendo do caso) pode significar que outras das necessidades que uma sociedade tem, não sejam atendidas. Isso pode ser evidenciado, por não se ter descoberto um limite para cada necessidade que a população tem.
Resumindo, na economia como um todo (e incluindo a área da saúde), não existem recursos suficientes para atender a todos os desejos que as pessoas em uma sociedade têm. Portanto, é necessário escolher quais desejos serão atendidos e quais não serão atendidos. 
A escassez e a necessidade resultante de escolher entre diferentes usos dos recursos produtivos se aplicam a todos os lugares da economia, e não podem ser evitados. Essa é a premissa subjacente a um conceito-chave da economia, chamado custo de oportunidade. 
Sendo assim, produzir qualquer bem ou serviço econômico significa que os recursos usados ​​para criá-lo, não podem ser usados ​​para produzir outros bens ou serviços. Se estes outros bens ou serviços tivessem sido produzidos, eles teriam gerado benefícios para quem aqueles que os consumissem. O verdadeiro custo de produzir um bem ou serviço, é a perda da oportunidade de criar benefícios usando os recursos de uma maneira diferente. 
Como existem muitos bens e serviços possíveis que diferentes combinações de recursos poderiam produzir, o custo de oportunidade do uso de recursos de uma maneira específica é definido como os benefícios que teriam resultado de seu melhor uso alternativo.  
Os custos em economia geralmente significam custos de oportunidade. Esse conceito é bem diferente da idéia mais familiar de custos financeiros, que é o custo de bens, serviços e recursos escassos em termos do dinheiro que deve ser pago para obtê-los. 
Na prática, os custos financeiros são frequentemente usados ​​para medir os custos de oportunidade (mas esse nem sempre é o caso). É importante observar que o custo de oportunidade e os custos financeiros são maneiras diferentes de pensar sobre os custos, não elementos diferentes dos custos gerais. Eles não podem ser calculados separadamente e somados, por exemplo.
Para deixar mais claro, o custo de oportunidade que um governo tem em relação a área da saúde, pode ser realizado pelo seguinte raciocínio: “É mais essencial alocar recursos médicos para condições que mais acometem a população como, a diabetes, do que a condições raras e que afetam menos pessoas, como é o caso da elefantíase”.